Podemos afirmar que a redução dos odores melhora significativamente a Qualidade de Vida (QV) de uma pessoa estomizada.
Foi assim que ficou comprovado na pesquisa cientifica apresentada no 17th Biennial Congress of Enterostomal Therapis, Lubliana, Slovenia - 15-19/06/08.
O resumo dessa pesquisa cientifica, cujo artigo completo encontra-se em fase de publicação em revista científica, é apresentado a seguir:
Beatriz F Alves Yamada - PhD, MSN, Estomaterapeuta (TiSOBEST)
Doutora e Mestre em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da USP
Diretora Técnica da Enfmedic Saúde e Estomatech
E-mail beatriz@enfmedic.com.br
Eliane Souto d’Ávila – Estomaterapeuta (TiSOBEST)
Assessora Técnica da Hollister do Brasil
Rosangela Schmidt Lombardi – Enfermeira Pós-graduada em Estomaterapia
Enfermeira da Educação Continuada e Estomaterapia do Hospital M’Boi Mirim
Estomia pode acarretar repercussões nas esferas biopsicosocial, sendo o odor uma delas. No dia-a-dia nos questionamos sobre o que indicar para efetivo controle do odor e que repercuta em melhoria da qualidade de vida (QV) e satisfação dos pacientes. Assim, estabeleceram-se algumas hipóteses com objetivo de avaliar a efetividade de uma solução lubrificante e neutralizadora de odor (SLNO) de equipamento coletor de estomia sobre a qualidade de vida.
Trata-se de um ensaio clínico, não controlado do tipo antes e depois, realizado com 32 pessoas com estomias (53,1% são mulheres; idade média 57,09 +/- entre 13 e 63 anos; 50% com colostomia esquerda; 30,7 +/- 68 meses de tempo médio de estomia), entre março e agosto de 2007, onde os aspectos éticos foram atendidos.
Incluíram-se pessoas com estomia intestinal ou urinária, com no mínimo 30 dias de pós-operatório e que usassem equipamento coletor de qualquer fabricante.
As entrevistas pré e 30 dias após foram realizadas para análise sociodemográfica e clínicos, auto-avaliação da QV e a satisfação com o odor, análise de QV segundo o Índice de Qualidade de Vida de Ferrans e Powers – Versão Genérica III (IQVFP-VG) e avaliação qualitativa da mudança clinicamente significante (pós-intervenção).
O IQVFP-VG possui 4 sub escalas (saúde e funcionamento -SF, sócio-econômico–SE, piscoloógico/espiritual-PE e família-Fa) e os escores variam entre zero (pior) e trinta (melhor QV).
O coeficiente alfa de Cronbach obtido foi > 0.70 para a QV total e todas as sub escalas, exceto SE (0.65).
Foram disponibilizados medidores, dois frascos de SLNO para ileostomizados ou urostomizados e um para colostomizados.
Adotou-se o Statistical Package for the Social Science versão 13.0. Kolmogorov-Smirnov, t-student pareado e effect-size (ES) foram os testes empregados.
A efetividade da SLNO foi avaliada pelos escores da ‘satisfação com o odor’ e da QV, medida pré (baseline) e pós-intervenção.
Foi hipotetizado aumento dos escores da QV e da satisfação, sendo essas confirmadas, pois os pacientes estavam significativamente (p=0,000) e clinicamente (ES=2,41) mais satisfeitos com o odor do equipamento coletor e com melhor QV geral e nos domínios SF, PE e SE.
Quanto à satisfação com o odor, resultados semelhantes foram observados entre homem (p=0,000) e mulher (p=0,000), indivíduos com (p=0,000) e sem (p=0,002) companheiro e entre os com colostomia direita (p=0,01) e esquerda (p=0,000) e com ileostomia (p=0,000).
Na relação entre a satisfação com o odor, a qualidade de vida e o tempo de estomia e idade do paciente, verificou-se que menor tempo de estomia estava associado a maior satisfação com o odor do equipamento coletor pós-uso da SLNO (r=-0.42, p=0,034).
Não foram observadas correlações estatisticamente significantes entre satisfação com odor e a idade, e entre a qualidade de vida com a idade e tempo de estomia.
Na avaliação qualitativa os indivíduos, de maneira geral, estavam muito mais satisfeitos com o odor (96.9%) e referiram melhora moderada a grande na QV geral (71,9%), e nos domínios saúde e funcionamento (40,6%), sócio-econômico (37.5%), piscoloógico/espiritual (81,3%) e família (81,3%).
Esse ensaio clínico permitiu inferir que a SLNO em equipamentos coletores de estomia intestinal foi efetiva na redução do odor, aumentando significativamente os escores de satisfação e da qualidade de vida geral.
Acreditamos que a realização desse estudo, embora com amostra reduzida, trará sua contribuição para a implementação de cuidados baseados em evidências científicas, no que diz respeito à indicação de substância para o manejo do odor.
Nas urostomias, a amostra foi desprezível sendo necessário ampliá-la para obter conclusões mais pertinentes.
Publicação: 27/08/2008.
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